Vou postar aqui um conto, do que estou chamando de “Crônicas de Alma e Sangue”.
O cavalo corria livre pela floresta, a trilha era sua velha conhecida. O cavaleiro deu-lhe rédeas soltas para fazê-lo. O garanhão negro dava tudo de si, e parecia gostar da liberdade que seu dono lhe dava. A noite estava fresca e suave.
O cheiro das árvores transpirando era embriagador. A lua era apenas um risco curvo no céu. O vento tocava os cabelos ruivos do cavaleiro, o corpo movia-se junto com o do animal, com se soubesse cada movimento antes mesmo de executá-lo. Os corações batiam juntos na desembalada corrida. Havia um sorriso nos lábios sedosos, um prazer indescritível na retina verde jade. Nesse deslizar veloz ambos conseguiam uma liberdade bem vinda.
Os sons da floresta estavam nos ouvidos e sentidos de ambos. Sentira a mudança, o cheiro do medo, o grito de terror. Os dedos ágeis seguraram as rédeas guiando o animal rumo ao som do grito. A trilha sumiu e o cavalo corria por entre as árvores com destreza. Um minuto depois a clareira apareceu. As luzes do carro. Deteve o animal e desmontou altivo. Houveram perguntas, que ele não respondeu, enquanto fitava a mulher no chão.
A luz dos faróis o iluminava, seu riso seguro, o olhar mudado causou sobressalto. Tudo aconteceu muito depressa, o tiro, o som de ossos se quebrando, o brilho da faca, o cheiro do sangue. O relinchar do garanhão, seus cascos sobre o homem que tentou segurar suas rédeas. Um minuto depois havia três corpos no chão e uma mulher desacordada e sangrando.
– Togo? Preciso de uma limpeza.
– Onde está majestade?
– Próximo à velha torre, três corpos, um veículo. Varredura cem metros à frente. Mande preparar um quarto e acorde Joshua, tenho uma mulher ferida, preciso dele e do soro, ela está morrendo.
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