Mais fascinante trilogia desde Jogos Vorazes. A Terra não existe mais, e em duas naves que procuram um novo mundo no espaço, uma menina de 15 anos precisa casar e engravidar para garantir a sobrevivência da humanidade. Enquanto isso, uma sucessão de acontecimentos eletrizantes torna a jornada pelo espaço algo absolutamente imprevisto. Temas como religião, a escolha da mulher e a ideia de poder e dominação vão aparecendo muito suavemente articulados ao longo da trama, amarrando o leitor com surpresas e reviravoltas estonteantes. São temas universais, postos num livro por uma escritora surpreendente e que promete arrasar a cena literária a partir desta sua fantástica criação.

O primeiro livro da série, Brilho, de Amy Kathleen Ryan é incrivelmente bom, claro, tenho algumas pequenas ressalvas, que citarei ao longo da resenha. Mas é um livro que surpreende.

A terra como todos já sabemos está acabada, o homem com sua ganancia sugou todos os recursos e hoje nosso planeta azul está árido, agonizante. Não foi explicado o que ocorreu com quem não subiu nas duas naves Empyrean e New Horizon. Eu deduzi que o planeta sucumbiu e com ele o resto da humanidade.

As duas naves foram lançadas no espaço como arcas em busca de um planeta que possa sustentar a vida. Detalhes, a tripulação não ficou em animação suspensa, gostei disso, outra geração vai pisar na nova terra. Mas tipo daqui mais uns 45 anos. Os tripulantes precisam garantir que essa nova geração seja gerada durante a viagem ou seremos extintos. Mas procriar no espaço não é tarefa fácil.

O que me ocorreu de imediato foi os riscos de uma viagem como essa, não é como fazer uma viagem de barco, se algo acontecer e você ficar fora da nave é morte certa. Dentro da nave todos tem atividades para manter a vida e tudo funcionando. Existem florestas, tanques de peixes, animais de todos os tipos, suprimentos, máquinas, equipamentos dos mais diversos para manter a vida e trabalhar na nova terra por um futuro.

A coisa toda começa quando a nave Empyrean é atacada por sua “gêmea”, a New Horizon, os tripulantes agiram emocionalmente, não havia uma guarda, armas, uma infraestrutura de segurança. Pareciam crianças sendo atacadas. Isso me chocou. O motivo do ataque? As meninas, um grupo de tripulantes da New Horizon raptaram todas as meninas, deixando para trás um grupo de meninos bem assustados.

Quando o caos se instalou na Empyrean eu parei e disse, mas que merda foi essa! E comecei a pensar em alternativas. Todos jovens demais para assumir as responsabilidades a que foram submetidos.

Waverly e Kirean são um casal apaixonado fazendo planos para casar, mesmo jovens são incentivados a fazê-lo pelo bem da missão, a não extinção. Seth é a grande zebra desse relacionamento, pois ele secretamente ama Waverly.

Ela é uma das mais velha das meninas e durante o ataque protege as menores, junto com com outras garotas. No meio do caos do ataque ela faz uma escolha que vai mudar completamente sua vida, visando proteger as meninas mais jovens vai para New Horizon.

Uma personagem forte, nada chorona, nem confusa. Apenas real como deve ser, ciente de que o jogo é de vida e morte.

Kirean e Seth são os mais velhos da nave. Kirean é filho de uma das poucas famílias religiosas da Empyrean, o um dos mais indicados a ser o sucessor do capitão.

Seth é o oposto de Kirean, mais violento, forte, até amargurado, mas humano, sensível e apaixonado. Por Waverly é claro.

Ele e Kirean vão travar uma luta pouco justa pelo poder na Empyrean que ficou avariada após o ataque.

O que Waverly sofreu junto com as outras meninas na New Horizon as marcou para sempre, mudou seus destinos, e me fez ver mais uma vez o quão baixo o ser humano pode ir em nome do que chama de fé e sobrevivência.

Temos bons vilãos no livro, destaque para Anne Mather, que usava a fé para literalmente controlar a New Horizon e estabelecer poder absoluto sobre seus seguidores.

Eu acredito que ter fé é algo particular, que não deve ser imposto, vendido, constantemente jogado na sua cara. Tem quem quer, se o ser humano conseguir ser integro por si só, essa é a maior prova de fé que poderá encontrar. Ser bom, respeitar o próximo. Seguir um líder cegamente, ceder a violência em nome de ideais ditos religiosos, é simplesmente nojento.

Os problemas são muitos, garotos assumindo tarefas para adultos, crescendo aos empurrões e sustos. O que posso dizer é que o que ocorreu não tem como ser corrigido. Foi injusto, cruel, pura tentativa de assassinato. Para justificar crimes do passado. Tipo, os filhos pagando pelo crime dos pais.

Durante a leitura não cheguei a comparar com os livros da série Jogos vorazes, pois os personagens são diferentes, as situações impostas a eles também.

A situação na qual as crianças ficaram me lembrou o livro, “O Senhor das Moscas”, clássico da literatura juvenil. Crianças governando podem ser bem cruéis.

A disputa de poder entre Seth e Kirean é épica, e vai durar até o fim da série. Adorei o primeiro livro. Tomei bons sustos, fiquei revoltada em alguns momentos e tomei partido de alguns personagens. Torci muito por todos. Detalhes as capas são lindas, tem relevo e brilho. Minha nota? Cinco Beijos Mordidos!

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